segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O rio Neva em São Petersburgo

O rio Neva (Нева) em São Petersburgo
Ao longo do rio Neva, o frio continua a perturbar. A próxima paragem é a fortaleza de Pedro e Paulo, vermelha, muito vermelha. Encostados às paredes exteriores, banhistas de Inverno exibem a sua nudez audaz, indiferentes à rudeza do tempo, desafiando o que para alguns se manifestava como uma intempérie. Há uma pequena passagem, como se de uma ponte levadiça para uma castelo medieval se tratasse, que conduz os turistas ao interior da fortificação. 

Já lá dentro, num pequenino largo, um homem de longas barbas faz demonstrações das suas artes. Alguém vende também gelados e há quem os compre. Mais adiante, ao lado de uma igreja altíssima e amarela, há quem ofereça a sua imagem vestida à maneira de outros séculos para posar para fotografias, em troca de uma pequena recompensa pecuniária. 

Soa o relógio. São 11 horas. A sua cúpula ergue-se altiva, desafiando os céus. Muito perto, há um novo largo, onde porventura outrora as tropas se reuniriam. Os sapatos dos viajantes dão mais alguns passos e os donos deparam-se com mais banquinhas de vendas de matrioscas. Dois deles regateiam os preços, numa mistura de russo e inglês, e conseguem comprar mais um par das ditas bonecas por apenas 500 rublos. 

O próximo ponto de interesse é um sino de um carrilhão, oferecido por holandeses. Depois, há um túnel que leva ao rio. Dentro dele, há vendedores e vendedoras de recordações. Lá fora, junto à água, uma senhora de óculos tenta impingir o aluguer de um barco, para um passeio no rio. Os visitantes declinam o amável convite. Mas a senhora volta à carga repetidas vezes. Todas sem sucesso. A subida às muralhas é considerada mas posta de parte. Ninguém está disposto a pagar para o fazer. 

Dirigem-se para a saída, atravessam novamente o passadiço e desta vez vão ao encontro de umas barraquinhas onde se vendem os legítimos gorros russos. Uns mais apertados, uns pretos, outros cinzentos, com emblema do PC ou sem ele, os visitantes não querem abandonar aquele local sem levar pelo menos um cada um. São discutidas as vantagens de uns e de outros, o preço é ligeiramente regateado e um acordo é alcançado. Um dos visitantes faz aquele que seria o seu único pagamento em dólares na ex-união soviética. E o câmbio até estava certo. Partem os visitantes, com a cabeça mais pesada e muito mais quentinha, que o frio não é de desprezar. É possível abrir as orelhas do gorro, que emprestam um ar de aviador, ou de Pluto, conforme a perspetiva, ao utilizador, ao mesmo tempo que aquecem, com seriedade e afinco. 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O cruzador Aurora

O cruzador Aurora / Крейсер «Аврора»
Agora, é preciso sair para a rua e enfrentar o frio gelado, o vento cortante, e caminhar junto ao homem Martini, para depois atravessar uma ponte interessantemente decadente. Nalguns pontos, o viajante tem a sensação de estar a pisar território frágil. A ferrugem deixa ver o fundo do canal, nos pontos em que a sua ação criou pequenos buracos.

Após a ponte, alguns metros, não muitos, adiante, os viajantes são arrebatados por uma súbita e indomável vontade de visitar o excelso e sublime cruzador Aurora, de possantes canhões apontados ao centro do burgo. Sobem ao tombadilho superior, através de uma passadeira. Lá dentro, há russas, russos, chineses e chinesas. Também há uma russa que fala chinês. É uma guia. Inscruções enigmáticas em russo prendem a atenção por alguns instantes breves.

Descem ao tombadilho inferior, fechado. Há uma exposição de relíquias do antigo regime. Bandeiras com foices e martelos proeminentes, fotografias, quadros, artefactos com martelos e foices. Também vendem postais. A vendedora entusiasmada no seu furor de vender apressadamente um postal, quase nem se dá conta que os viajantes mal percebem os seus vocábulos rapidamente articulados em russo. Continua a falar, gesticulando, desviando crianças, até alcançar o objectivo: vender dois belos postais, a dois viajantes.

A visita termina e descem a terra firme. À esquerda, há barraquinhas de recordações. Deixam-se seduzir pelas belas e coloridas matriovscas. A vendedora quase só fala russo, mas o contacto é bem estabelecido. Três matriovscas seguem em novas mãos.

Pequeno-almoço em São Petersburgo




Mikhail Ivanovich Glinka / Михаил Иванович Глинка

Acorda o dia sem galos a cantar, mas com bandeiras coloridas, numerosas, enfeitando o nobilíssimo cruzador da aurora da revolução. O tempo está bom, há sol, sem excesso. No chuveiro, cai uma água de odor curioso, com algum pendor para se tornar desgradável, lembrando recomendações alheias que não enalteciam propriamente as virtudes das águas da cidade dos czares. É desaconselhável permanecer sob a sua influência para além do tempo estritamente necessário.

Aproxima-se a hora do pequeno-almoço, no andar B. Os cartões com os nomes dos visitantes escritos em caligrafia russa são imprescindíveis para comprovar o direito à alimentação. Em cada um dos andares, à entrada, as guardiãs e lídimas herdeiras do KGB mantiveram na sua posse um destes cartões, em troca de uma chave artesanal, envolvida por um porta-chaves de tamanho familiar, de cor preta e forma de lâmpada. Impõe-se dar-lhe os bons dias em russo, palavra aprendida há poucos instantes num livrinho de conversação. A ousadia surte efeito e uma resposta a condizer parte da boca da interlocutora. A chave é trocada pelo cartão. Os visitantes encontram-se e dirigem-se finalmente para o andar B, num dos 7 elevadores. São barrados à entrada, até serem confirmados os seus nomes na lista de hóspedes. Façam favor, é ali ao fundo.

Um grande banquete se apresenta aos olhos dos agora comensais. As proverbiais almôndegas, vários sabores de peixe, carnes-frias, blinis de queijo, omeletes de consistência estranha, pãezinhos, a autêntica salada russa, que afinal sempre existe, iogurtes de frutos silvestres, e sumos, sabe-se lá com que água feitos, que ninguém arriscou experimentar. As mesas estavam quase todas ocupadas, mas alguém acabou por se ir embora, deixando espaço livre para os viajantes. Na mesma sala, havia uma gaiola repleta de aves canoras, que despertaram a curiosidade de um dos viajantes, possuidor de um exemplar semelhante na sua cozinha. A refeição foi farta e saborosa, deixando de parabéns a gastronomia russa, em matéria de pequenos almoços.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Manga com arroz glutinoso na Tailândia

Manga com arroz glutinoso à venda num mercado flutuante
Dizem que a sobremesa mais conhecida da Tailândia é esta: manga com arroz glutinoso. E, de facto, é possível encontrá-la um pouco por todo o lado, naquele país do extremo oriente, até em mercados flutuantes como o de Damnoen Saduak (ดำเนินสะดวก), na foto.

É uma combinação feliz, com a manga fria de um dos lados e o arroz glutinoso quente do outro, como se de um arroz doce mais líquido acabado de fazer. O arroz glutinoso é uma espécie diferente de arroz, diferente daquelas habitualmente consumidas em Portugal. Tal como o nome sugere, tem uma consistência mais peganhenta.

A manga é servida em separado do arroz glutinoso, para que o comensal possa apreciar os dois sabores em separado e misturá-los, quando assim o entender.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Barcos de cauda comprida na Tailândia

Barcos de cauda comprida no mar de Andamão
No sul da Tailândia, há uns barcos tradicionais coloridos conhecidos como barcos de cauda comprida, talvez devido aos seus compridos e sonoros motores. Não são os mais rápidos, mas são os mais pitorescos.

Oferecem numerosas oportunidades de fotos, algumas delas usadas em capas de guias de viagem sobre o país.

Ostentam, penduradas na proa, fitas com as cores da bandeira da Tailândia ou outras flores e ornamentos para protegerem a embarcação.

E transportam passageiros pelas incontáveis ilhas do mar de Andamão, zelando por eles atracados em águas completamente transparentes, de tonalidades verdes paradisíacas.