sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O cruzador Aurora

O cruzador Aurora / Крейсер «Аврора»
Agora, é preciso sair para a rua e enfrentar o frio gelado, o vento cortante, e caminhar junto ao homem Martini, para depois atravessar uma ponte interessantemente decadente. Nalguns pontos, o viajante tem a sensação de estar a pisar território frágil. A ferrugem deixa ver o fundo do canal, nos pontos em que a sua ação criou pequenos buracos.

Após a ponte, alguns metros, não muitos, adiante, os viajantes são arrebatados por uma súbita e indomável vontade de visitar o excelso e sublime cruzador Aurora, de possantes canhões apontados ao centro do burgo. Sobem ao tombadilho superior, através de uma passadeira. Lá dentro, há russas, russos, chineses e chinesas. Também há uma russa que fala chinês. É uma guia. Inscruções enigmáticas em russo prendem a atenção por alguns instantes breves.

Descem ao tombadilho inferior, fechado. Há uma exposição de relíquias do antigo regime. Bandeiras com foices e martelos proeminentes, fotografias, quadros, artefactos com martelos e foices. Também vendem postais. A vendedora entusiasmada no seu furor de vender apressadamente um postal, quase nem se dá conta que os viajantes mal percebem os seus vocábulos rapidamente articulados em russo. Continua a falar, gesticulando, desviando crianças, até alcançar o objectivo: vender dois belos postais, a dois viajantes.

A visita termina e descem a terra firme. À esquerda, há barraquinhas de recordações. Deixam-se seduzir pelas belas e coloridas matriovscas. A vendedora quase só fala russo, mas o contacto é bem estabelecido. Três matriovscas seguem em novas mãos.

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