domingo, 10 de abril de 2016

Os cachorros quentes do Callahan's



Há muitos anos atrás, aterrei no aeroporto JFK, em Nova Iorque, a meio da tarde. Lembro-me de ir a caminho da carrinha branca que o meu tio tinha alugado. O parque de estacionamento do aeroporto era ao ar livre. Estava sol, era julho. Lembro-me de estar com a palavra "blast" na cabeça, por alguma razão, dentro do carro, enquanto este percorria já estradas. Quando, alguns quilómetros mais à frente, vi a palavra "harbor" escrita assim, estranhei, pareceu-me "mal escrita", porque na escola me tinham ensinado "harbour". Só nesse dia percebi que havia uma ortografia inglesa, diferente da americana. Naturalmente, hoje, quando escrevo em inglês, uso a ortografia americana. Pelo caminho, passámos por Fort Lee, onde vi uma escola secundária americana, com parede exterior em tijolos, parecida com as que se veem às vezes nos filmes, e carros dos bombeiros enormes. Pouco depois, chegámos a North Bergen. Já não me recordo muito bem da chegada, apesar de me lembrar de partes do caminho. A memória fixa o que lhe apetece.

Passados uns dias, voltámos a Fort Lee, mas, desta vez, para irmos comer os cachorros quentes gigantes do Callahan's. Tinham cerca de 30 cm cada um. Dava para enchê-los de ketchup, mostarda, "sweet relish", o que se quisesse. Ao contrário de outros estabelecimentos, em que davam os pacotinhos com os molhos, aqui era preciso encher uns copinhos numas torneiras e levá-los para a mesa, cheios de molhos. As salsichas eram fritas como as batatas. Ficavam com a pele quebradiça. O Callahan's não era uma cadeia de restaurantes. Era apenas um restaurante emblemático da Nova Jérsia, em geral, e de Fort Lee, em particular. Quando passei pela zona em 2010, tinha fechado. Tinha sido substituído por um banco. Parece que,em 2015, voltou a abrir noutro local.


Fotos:
https://offthebroiler.wordpress.com/2006/09/08/ode-to-callahans-of-fort-lee/

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